sábado, 28 de abril de 2018

ROUPAS SUJAS


por Cesar Costa

Nossas roupas e nossas coisas não mais estão no chão,
nem escorre o arco-íris de prazer em nossas mãos.
Já não há mais você em mim, nem nada mais de mim em você.
Já não sei se estou sozinho
ou se apenas estou no chão,
já não sei se estou em suas mãos.

Nossas roupas sujas lavadas em público,
nosso grito mudo,
nossa insensatez e nossa falta de percepção.
Fomos pouco sagazes e muito covardes.
Fomos loucos demais e francos de menos.
Nem mesmo fomos sinceros, ao menos.

Dos erros nasceram quedas,
das quedas nasceram medos,
dos medos nasceram brigas,
das brigas morreram flores,
com as flores morreu o amor.
Escorreram-se por entre os dedos os atinos
e os desatinos geraram seus frutos.
Fatigou-se o amor
e o desamor fez em nós dois morada.

Agora vamos sair com a derrota,
mas com a roupa da alma lavada,
a cara limpa e o bolso idem.
Quiçá haja amizade entre os dois,
e que o depois nos seja manso,
já que nosso amasso se tornou frio.
Descobriremos enfim,
quem eu sou sem você,
quem é você sem mim,
e onde está o amor sem nós!

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