No crepúsculo das horas, meu relógio faz tic-tac,
O ponteiro dança, traçando nosso destino com um fio
prateado,
E eu, mero espectador, contemplando o espetáculo,
Alheio à percepção de que o tempo é uma ilusão ardilosa.
"O amor é como virar a ampulheta", costumava dizer
minha avó,
E eu, jovem e tolo, não entendia o que ela queria dizer,
Até que te conheci, e o mundo se dobrou em versos,
Nossos olhares, os ponteiros que marcavam o encontro.
As areias do tempo escorriam, grãos dourados de paixão,
E eu, envolto pela fantasia, acreditava na eternidade do
amor,
Mas o relógio, ardiloso, sussurrava segredos ao vento,
E o destino, em sua trama impiedosa, preparava a
reviravolta.
Sob um céu estrelado, teu beijo era o verso final,
A promessa de um sempre, o abraço que selava o pacto,
Mas o relógio, traiçoeiro, acelerou suas batidas
incessantes,
E o tempo, sorrateiro qual ladrão, roubou-nos o amanhã.
Eis a reviravolta: o amor que julgávamos imortal,
Reduzido a cinzas qual velhas cartas amareladas no baú do
passado.
O relógio riu, zombeteiro de nossa ingenuidade romântica,
E o destino, impiedoso, inverteu a ampulheta sem piedade.
Atualmente, me vejo como um explorador desorientado na teia
do passado,
Os momentos se entrelaçam, os segundos se misturam,
E o relógio, cúmplice da ironia, continua a tic-tacar,
Enquanto eu, inconsciente, espero o próximo verso da vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário