sexta-feira, 28 de junho de 2024

RELÓGIO DO DESTINO


 por Cesar Costa

No crepúsculo das horas, meu relógio faz tic-tac,

O ponteiro dança, traçando nosso destino com um fio prateado,

E eu, mero espectador, contemplando o espetáculo,

Alheio à percepção de que o tempo é uma ilusão ardilosa.

 

"O amor é como virar a ampulheta", costumava dizer minha avó,

E eu, jovem e tolo, não entendia o que ela queria dizer,

Até que te conheci, e o mundo se dobrou em versos,

Nossos olhares, os ponteiros que marcavam o encontro.

 

As areias do tempo escorriam, grãos dourados de paixão,

E eu, envolto pela fantasia, acreditava na eternidade do amor,

Mas o relógio, ardiloso, sussurrava segredos ao vento,

E o destino, em sua trama impiedosa, preparava a reviravolta.

 

Sob um céu estrelado, teu beijo era o verso final,

A promessa de um sempre, o abraço que selava o pacto,

Mas o relógio, traiçoeiro, acelerou suas batidas incessantes,

E o tempo, sorrateiro qual ladrão, roubou-nos o amanhã.

 

Eis a reviravolta: o amor que julgávamos imortal,

Reduzido a cinzas qual velhas cartas amareladas no baú do passado.

O relógio riu, zombeteiro de nossa ingenuidade romântica,

E o destino, impiedoso, inverteu a ampulheta sem piedade.

 

Atualmente, me vejo como um explorador desorientado na teia do passado,

Os momentos se entrelaçam, os segundos se misturam,

E o relógio, cúmplice da ironia, continua a tic-tacar,

Enquanto eu, inconsciente, espero o próximo verso da vida.


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