sexta-feira, 28 de junho de 2024

TEMPESTADE DE PALAVRAS

 

Cesar Costa

Quando eu digo que o céu é cinza,

Você diz que ele é azul.

Quando eu clamo pela quietude,

Você busca o turbilhão.

Quando eu vejo fim,

Você encontra começo.

Quando eu abraço a noite,

Você exalta o dia.

Quando eu clamo por pausa,

Você anseia movimento.

 

Em nossas noites de silêncio,

Caminhamos em vidro quebrado,

Palavras como mar de espinhos,

Espalhando dor e mágoa,

Desenhando cicatrizes no ar.

 

Nossos dias, noites sem estrelas,

Nossas vozes, ecos distantes,

O que éramos se perde na sombra,

Nossos passos hesitantes,

Desmoronando em direção ao vazio.

 

Esperamos por um amanhã,

Onde o sol ou a chuva decidirão,

Se nossos corações ainda dançam,

Ou se o vento levará embora,

O que resta de nós.

 

Mas talvez, entre as tempestades,

Nosso amor encontre abrigo,

E o arco-íris finalmente brilhe.


AMOR INABALÁVEL

por Cesar Costa
 

O amor é como uma corda bamba:

Segurando-nos quando a força parece esgotada,

Afligindo-nos quando temos insônia pelos problemas do outro.

Mas chamamos isso de amor, não é mesmo?

 

Nunca nos rendemos, jamais renunciamos,

Mesmo quando a distância parece absurda,

Quando o caminho se estreita e a terra se abre.

Almejamos o melhor para ambos,

Deixando o individualismo de lado,

Resistindo ao desejo de fugir quando tudo parece tranquilo.

 

Enfrentamos tempestades, enfraquecidos,

Lutando para levar o outro a um porto seguro,

Revelando forças além do imaginado,

Suportando cargas que ultrapassam nossos limites.

 

Repetimos, incansavelmente,

Ultrapassando os limites da tolerância,

Lutando por ambos, mesmo quando o outro se sente vencido,

Quando a colaboração falta e o desânimo se instala.

 

O verdadeiro amor transcende atrações passageiras,

Vai além de parcerias sociais e carícias momentâneas.

É conquistar sem aprisionar, ser retiro e caminho simultaneamente,

Trazer conhecimento, cura e alegria a cada instante.

 

Enfrentamos a escuridão densa,

Caminhamos sem saber o destino exato,

Suportando solidão, medo e angústia.

Pois alguém espera um guia no túnel escuro,

Confiando em nossa força interior para vencer a noite e alcançar a luz.

 

O amor verdadeiro é inabalável, resiliente,

Uma jornada que transcende o efêmero,

E nos torna guias e guardiões uns dos outros.


RELÓGIO DO DESTINO


 por Cesar Costa

No crepúsculo das horas, meu relógio faz tic-tac,

O ponteiro dança, traçando nosso destino com um fio prateado,

E eu, mero espectador, contemplando o espetáculo,

Alheio à percepção de que o tempo é uma ilusão ardilosa.

 

"O amor é como virar a ampulheta", costumava dizer minha avó,

E eu, jovem e tolo, não entendia o que ela queria dizer,

Até que te conheci, e o mundo se dobrou em versos,

Nossos olhares, os ponteiros que marcavam o encontro.

 

As areias do tempo escorriam, grãos dourados de paixão,

E eu, envolto pela fantasia, acreditava na eternidade do amor,

Mas o relógio, ardiloso, sussurrava segredos ao vento,

E o destino, em sua trama impiedosa, preparava a reviravolta.

 

Sob um céu estrelado, teu beijo era o verso final,

A promessa de um sempre, o abraço que selava o pacto,

Mas o relógio, traiçoeiro, acelerou suas batidas incessantes,

E o tempo, sorrateiro qual ladrão, roubou-nos o amanhã.

 

Eis a reviravolta: o amor que julgávamos imortal,

Reduzido a cinzas qual velhas cartas amareladas no baú do passado.

O relógio riu, zombeteiro de nossa ingenuidade romântica,

E o destino, impiedoso, inverteu a ampulheta sem piedade.

 

Atualmente, me vejo como um explorador desorientado na teia do passado,

Os momentos se entrelaçam, os segundos se misturam,

E o relógio, cúmplice da ironia, continua a tic-tacar,

Enquanto eu, inconsciente, espero o próximo verso da vida.


O SONHO SÓLIDO