sábado, 27 de janeiro de 2018

SEM CONTROLE


por Cesar Costa

Tantas armadilhas engatilhadas
Todas armadas para me pegar
Mas mesmo assim não serei o mártir

Vontade de parar de beber ilusões e questionar
Pois não quero me embriagar com mentiras
Mas sim, saciar minha sede de verdade

Tantas palavras ofensivas sendo ditas
Sem a boca nada em defesa pronunciar;
Tantas decisões importantes, tomadas no singular
Com as consequências no plural sendo sofridas

Sentenças proferidas, sem direito a defesa
Sendo um réu desconhecedor de meus graves delitos
Vereditos dados, sem atenuantes sentimentos
Condenação que fere mesmo quem se julga imune

Estado de sofrimento na alma ferida
Sem medicamentos para cicatrizar trauma sofrido
Dor de esperar por iminente fim
Ou lutar para sobreviver a toda amargura

Consciente de cada pedra por mim atiçada
Cujos danos provocaram em telhados de vidro vizinhos
Causaram as pedras atiçadas de volta em meu frágil teto
Cujas avarias na vidraça agora me expõem ao mau tempo

Difícil não admitir, em meio ao meu padecimento:
Que a alma que me consolava, trouxe a arma que me feriu;
Que o ser a quem procurava, trouxe o sofrimento do qual fugia;
Que a pessoa que me fortalecia, trouxe o sentimento ao qual temia

Eterna busca do equilíbrio entre levantar ou cair:
Como me erguer, se a mão que me salvava do abismo
Foi a mesma mão que me empurrou no precipício;
Como me conter, se a voz que me dava o equilíbrio
Foi a mesma voz que me deixou sem controle

sábado, 20 de janeiro de 2018

A CURA

por Cesar Costa

De nada adianta pedir ajuda
Quando sequer consegue abotoar a própria calça
Quando a insegurança criou raízes como um câncer

De nada adianta pedir para extirpar um tumor
Quando seus domínios já infectam a própria alma
Quando criou vínculos com todo o corpo

Se aproximar e pedir para expelir
Vírus que seus anticorpos não conseguem se opor
Como posso ser uma vacina
Se não consegue vencer seu medo de injeção

Quer uma cura natural
Para infecção que suas defesas não podem vencer
Quer pequenos 
comprimidos
Para um mal que não existe medicação em pílulas

Anestesias não tiram machucados
Apenas suavizam dores
Curativos não cicatrizam feridas
Apenas mantem limpas

É preciso um tratamento profundo
Capaz de remediar a própria alma
Pois patologias intimas do ser
Necessitam de cirurgias delicadas

Lipoaspirar defeitos e manias do caráter
Cuidar de enfermidades da personalidade
Controlar os vícios que só fazem crescer
Restabelecer qualidades esquecidas

Nenhum “orgasmo temporário” pode trazer “prazer eterno”!

E quando enfim receber alta
Poderá dizer que conheceu A CURA

sábado, 13 de janeiro de 2018

ATRÁS DAS MONTANHAS


por Cesar Costa

Todos os dias descubro coisas que não sei
Tolos pequenos segredos de valores que não dei
Caminhos e lugares por onde ainda não passei
Cicatrizes de flores com espinho pelas quais sangrei

Atrás das montanhas nasce o sol
Por todos os vales onde vou
Sei que não fui o mais sensato
E eu mesmo fiz meu destino
Sei que mereci tudo que sobrevém
Mesmo aquilo que não me fez bem

De todas estas coisas, vem quem me transformo
E os erros que espero não repetir de novo
Moldam aquele a quem aos poucos me torno

Sol que arde e traz noites de calor
Embalam meus sonhos e esperanças do amor

Todos os dias descubro coisas que não sei...

sábado, 6 de janeiro de 2018

NOVAMENTE

por Cesar Costa

Juntos novamente, outra vez diríamos nós
Mas é assim, nós obedecemos
Dependemos deles para sobrevivermos
E sempre assim, dirá para mim você.
Sempre sou eu quem grito basta
E depois de uma nova ameaça
Novamente minha voz se cala.
Minha vida se resumiu nisto
Até outro dia, era meu o erro
Assim como era minha a voz.
Agora não tenho nada
Nem mesmo o nada que me foi proposto
Você foi sagaz ao fugir primeiro
Novamente tornou a sê-lo ao reconhecer a queda
Mas errou ao persistir no erro
Eu cheguei depois
Nem por isto foi menor minha queda
Mas minha dor chegou primeiro
Por isto, chorei por nós
Novamente é meu o erro
É como se tivesse uma segunda chance
Uma nova oportunidade para uma segunda queda.
Sempre o mesmo novamente
Sempre a mesma nova mente.
Tudo novo, nada muda
Tudo novo, eu sou o mesmo
Falta você mudar o jogo
Falta você mudar a mente.
Ao meu lado, só temos erros
 Na minha frente, poeira então
Não olho para trás
Tenho medo de te perder de novo
Peço ajuda, você não grita
- Será preciso que eu olhe então?
Se for, novamente ficaremos sós
O mesmo adeus... NOVAMENTE!

O SONHO SÓLIDO