sábado, 17 de fevereiro de 2018

SILÊNCIO


Por Cesar Costa

Meu silêncio nasce em minha alma muda,
em meu peito traído pelas dores,
em meu coração ferido pelos amores.
Vem da voz profunda da dor,
do meu grito mudo engasgado na boca,
vem da sombra dos meus desafetos
e da escuridão dos meus medos.
Meu deserto interior é parente do meu silêncio.

Meu silêncio é sinônimo dos meus erros,
é antônimo das coisas boas da vida.
Vem das vezes em que ao invés de consertar minha vidraça,
preocupei-me em atirar pedras no telhado do vizinho.
Vem de fora, mas habita em mim,
numa gestação dolorida pela consciência da culpa.

Meu silêncio trouxe sua filha solidão,
forte guerreira e sua eterna cúmplice.
Afastou-me dos amados,
dos queridos, dos entes amigos.
Afastou-me da rotina,
tirou-me da minha sina
e me tornou um eremita no meio da multidão.

Meu silêncio terá fim,
saído de um grito profundo,
oriundo de minha alma para o mundo.
Será o grito de liberdade,
filho da força de vontade,
gerado pela minha maturidade
em reconhecer que o princípio para ser feliz
é admitir seu destino.
É preciso ser maduro
mesmo se na alma continuar sendo um menino!

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