sábado, 22 de junho de 2019

COMO AQUELE SOFÁ VELHO QUE A GENTE NÃO TROCA

por Cesar Costa
 

Ah, minha flor do milharal, deixa eu te contar um causo,

Nosso amor é mais antigo que o pé de feijão no roçado.

É como aquela fogueira de São João, que todo ano se acende,

E a gente fica ali, olhando as chamas dançando, contente.

É como aquele sofá velho que a gente não troca,

Porque cada vez que a gente se senta, ele parece mais fofo.

 

Teu sorriso, menina, é mais brilhante que a lua cheia,

Ilumina a noite escura, como lamparina na venda,

Desde que te vi, com esse sorriso largo e sincero,

Meu coração ficou pulando igual sapo na beira do riacho.

 

Nosso amor é coisa de outras vidas, de tempos passados,

Nasceu antes da gente, como a galinha que põe ovos chocados.

Foi Deus, lá do céu, que tramou essa história bonita,

E nos deu de presente essa paixão, mais doce que rapadura.

 

Você é minha estrela guia, brilhando lá no céu de São Pedro,

Um anjo que posso ver e tocar, sem precisar de binóculo.

Nunca me deixou na mão, sempre esteve ao meu lado,

E eu te quero mais que a pipoca na panela, estourando animada.

 

Você é meu bem querer, meu sonho de pé de milho,

A metade da minha laranja, a outra parte do arroz com feijão.

Sem você, eu sou só um pedaço de pamonha sem recheio,

Então fica aqui, pertinho de mim, que eu te dou meu coração.


O SONHO SÓLIDO